quinta-feira, 11 de março de 2010
Fazendo as pazes com as palavras
A idéia deste post está na minha cabeça (e no Word) faz um tempo. E um certo livro me deu o empurrão final para publicá-la no blog. E vou estrear o ano falando de...escrita.
Eu gostava de escrever. Ou melhor, adorava, amava, ficava horas a fio no pc literalmente criando história, além dos diários de adolescente. Tudo bem que antes de entrar na faculdade, naturalmente, fazemos muito mais coisas, pois tínhamos tempo de sobra uma vida pela frente. E por gostar de escrever, era considerada uma adolescente atípica, logicamente. A maioria do pessoal da turma do colégio odiava escrever, fazer redação de volta às aulas, essas coisas. E sempre as aulas eram voltadas para se fazer a temida redação do vestibular. Na UFRJ, no vestibular 2005 (o meu vestibular), no primeiro dia era as matérias de português, literatura, uma disciplina específica e redação. Quatro longas, torturantes e cansativas horas de prova. E a redação, óbvio, ficou por último. Na minha opinião, é uma desumanidade tremenda – com os alunos e com a língua portuguesa - fazer todas essas provas mais a redação. Ler os textos motivadores, relacionar com o tema, pensar em argumentos, estruturar as idéias, fazer rascunho, passar a limpo para a folha definitiva...
Na minha vida escolar, sempre fui treinada (ou melhor, fomos) a escrever de primeira, sem erros gramaticais, com idéias concisas e coerentes. Tanto que, se estou escrevendo e cometo uma falha gramatical ou de digitação, eu volto, corrijo e continuo. Prestava mais atenção na concordância do verbo do que se a idéia do parágrafo/texto estava clara. (Confesso, adoro essas coisinhas gramaticais que as pessoas geralmente odeiam decorar). Todo o meu conhecimento, prática, visão de escrita foram construídos assim ao longo de doze anos de escola, com os professores sempre reforçando esse molde. Até eu chegar precisamente na hora de elaborar a apresentação do projeto de mestrado, percebi que este molde era insustentável; que permanecer nele é persistir em textos e apresentações chatas e que não despertam a atenção do leitor/ouvinte, quando não apresentam excesso/falta de informações, idéias confusas, dez assuntos no mesmo parágrafo ou slide. Claro que, mesmo me dando conta disso, não foi fácil aceitar. Eu, que sempre fui elogiada por escrever bem, sem erros de português, tudo certinho, tirava nove ou dez nas provas de redação na escola... E o que fazer agora? Simples: começar do (quase) zero. Além de buscar meios para me aperfeiçoar, procuro prestar atenção nas apresentações a que assisto: como a pessoa está apresentando suas idéias, como o tema foi abordado, com exemplos, só com literatura, se a estética da apresentação é agradável, etc. E é por isso que adoro quando o Mauro (the boss) dá as aulas de escrita criativa e sempre sou figurinha presente nas palestras do assunto. E agora li há pouco tempo o livro Escrita Criativa – o prazer da linguagem, de Renata di Nizo, que a Ju me emprestou. Ela dá ênfase principalmente no tópico criação x edição, dois momentos que devem ser, na medida do possível, temporalmente separados, já que cada competência é trabalhada por um lado do cérebro. No final, ela sugere vários exercícios para exercitar a escrita e a reescrita (farei uma resenha legal em outro tópico). Afinal, escrever bem é treino, assim como só aprendi a nadar após um ano encarando a piscina bravamente, sem desistir. Escrever é reescrever (que não perdeu o hífen).
E sim, eu escrevi, li, reescrevi, apaguei e corrigi este texto. :D
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4 comentários:
Legal!
É isso aí: escrever é reescrever! :-)
Depois me passa (ou coloca aqui no seu blog) o link do blog e twitter daquela disciplina! Queria ver como é e acompanhar.
Bj
Esse post foi meio "abra seu coração", com uma pitada de egocentrismo, mas espero que ajude outras pessoas...
Lia, que bom que você voltou. Gostei do post, me identifiquei bastante. Qyero ler esse livro também. Bjs, Giselle.
Parabéns pelos 2 anos de blog :-)
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