domingo, 3 de agosto de 2008

Aventuras em Angra dos Reis


Na sexta última (1), fomos eu e Ju para Angra enfrentar os coquilles (Nodipecten nososus, família Pectinidade). Eu, especialista em puncionar hemolinfa do músculo, fui junto para fazer o trabalho e ajudar a Ju no mestrado dela. E ela retirou as brânquias, glândula digestiva e músculo (e que músculo!)

Depois de 2h e meia na kombi barulhenta e sacolejante, após diversas retenções por conta das obras de duplicação de pista e reforma dos 2 túneis que vão para a costa verde, chegamos ao projeto POMAR, onde a Petrobrás instalou um centro de cultivo de sementes (bivalves jovens). O dia estava lindo e tínhamos a vista para o mar. Esperamos o Petrus achar o contado dele e, de cara com os coquiles, começamos nosso trabalho. Gastei uns dois coquiles para achar a posição correta de furar (não era tão difícil assim como pensei). O músculo do bicho é enorme, e bem forte, pensei que ia tirar litros de hemolinfa. Que engano... o máximo que consegui tirar foi 1 mL, e muitas vezes cheio de pedaços de tecido, que analisando depois eram ora pedaços do manto (parte mole do bicho que fica preso mais externamente à concha, na beiradinha) ora da brânquia, que rodeava um pouco o músculo e era de cor alaranjada. Mas a melhor (ou pior) parte foi "judiar" do bichinho. Eu distraída e o Petrus chamou a atenção de que o coquiles, mesmo depois de ter as valvas (cada metade da concha é chamada de valva) separadas, ele continuava contraindo o músculo como se fosse para fechar as valvas. Ao estimular o manto ou o próprio músculo, este se contraía e o manto também mexia! A Ju ficou morrendo de pena, repetiu diversas vezes que ela não ia para o céu, disse"tadinho!" umas cem vezes e eu, sádica, cutucando o bicho. Até que um parente dele se vingou com um golpe de mestre: gentilmente "se abriu" para eu espetar o músculo com a seringa e enquanto fazia força para puxar o êmbolo Plof! Ele dá uma contração com toda a força! Quase que meu dedo vai, quase que me espeto com a agulha. Xinguei o bicho, e como xinguei. Tive que apertar as duas valvas para que não ocorresse de novo.

Imagem do coquiles aberto. A parte branca na imagem é o músculo que fecha as valvas; a parte laranja são as brânquias.

Eu e a Ju abrimos mão do nosso almoço (o Petrus e o Carlos, que nos levou até lá almoçaram enquanto trabalhávamos) para voltarmos logo na sacolejante e barulhenta kombi, percorrendo as sinuosas pistas daquela região. Não me aguentei: dormi em cima da minha mochila e só acordei já na Av. Brasil. Pensava que a hemolinfa não tinha sido suficiente, que a Ju não conseguiria extrair quase nada de RNA... e qual não foi nossa surpresa, ao chegarmos no lab, que havia uma "maçaroca" branca decantada no falcon! Isto muito provável é sinal de hemócitos, e a Ju havia me falado antes que aconteceu o mesmo com os hemócitos das ascídias da Cíntia, de tanta célula que havia.

Como já estávamos enjoadas de carro, era sexta feira e nem brincando queríamos pegar a Av. Brasil, fomos embora de barca. Melhor balançar de outro jeito...

Ah, mais algumas informações sobre o projeto e o coquilles, clique aqui.

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