terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ser multitarefa exige rotina!


No mundo corrido de hoje, é comum fazermos diversas coisas, e ao mesmo tempo. Ver tv, comer, responder emails no computador, mais cinco janelas abertas em páginas diferentes. Mas essa flexibilidade toda não estava se refletindo no lab.


Parei para refletir. E fazendo um pequeno túnel do tempo, sempre estudei. E SÓ estudei na escola. Não fazia inglês (ou outros idiomas), esportes (só natação por no máximo 1 ano, aos 8 anos) ou qualquer outra atividade extra-curricular. Para meu espanto, na faculdade até que me virei bem (para a minha surpresa), mesmo gastando quase 4 horas de viagem de ônibus, aula de manhã e tarde e estágio. Mas algo aí foi sacrificado: a saída com os amigos, o que me arrependo um bocado hoje.


Na faculdade, iniciação científica, na qual tinha o objetivo de desenvolver a cultura de células e depois testes toxicológicos com cádmio, juntamente com o estudo para o mestrado, e prática de ensino no Colégio de Aplicação da UFRJ (Cap-UFRJ). Sim, ano passado, último ano da faculdade, foi de pirar, mas dei conta. Então o que aconteceu comigo que não consigo mais dar conta das tarefas do lab?


Refletindo bastante sobre isso, identifico que a principal diferença entre o hoje e o ontem é o horário. Eu tinha horários fixos para tudo: aula Às 8h, laboratório às 13h, aula às 15h. E agora não tenho mais isso (exceto quando há as disciplinas do mestrado). E adicionando à sensação de “eu tenho bastante tempo” as coisas correm soltas, não controladas. E o tempo passa, e como passa, escorre pelas mãos, como diria Lulu Santos.



Alguns textos deste blog me inspiraram a mudar essa situação para melhorar a minha produtividade. Esta semana estou montando a minha rotina, com os horários bem marcados, tal como a Supernanny faz com os “anjinhos” que ela dá jeito. Só assim vou conseguir: ler artigos, estudar três assuntos diferentes relativos ao mestrado (MXR, metalotioneínas e diferenciação celular), estudar estatística, francês, inglês, cuidar do blog, ler emails e cuidar da casa (leia-se: lavar e passar roupa, dar faxina semanal, cozinhar, fazer compras etc etc).


O pior de tudo, acho que para 90% das pessoas da face da Terra, é levantar cedo. Sempre fui uma pessoa matutina. Claro que não pretendo fazer que nem o carinha do blog que levanta às 4 e meia da manhã, mas se eu conseguir levantar às 6 e meia fico feliz (farei isso daqui a algumas semanas), especialmente porque estou planejando a entrar na academia, e como sempre, dizia que não tinha tempo. E para conseguir levantar às 7 da manhã (nos tempos da faculdade eu já estava chegando ao fundão nesse horário) a primeira coisa a fazer é: sair do quarto. Automaticamente levantar, desligar o celular (estrategicamente longe de mim) e sair do quarto, sem dar tempo do cérebro implorar pela soneca gostosa. Fazer pipi, lavar o rosto e... fazer origami pelos próximos 20 minutos (a recompensa).


E hoje fiz a divisão dos horários. Acordar às 7h, chegar ao lab às 9h, sair às 18h (válido para todos os dias – o resto vou planejar ao longo da semana). E de noite, ao chegar do lab, primeira tarefa: estudar estatística, das 6 e meia até 8 e meia. E terminei o capítulo um!!!!!Em breve vou resenhá-lo aqui, como prometido em alguns posts anteriores. Ao longo da semana, vou fixar os melhores horários para estudar os temas importantes do mestrado (pois estudo escrevendo) para não ficar longos tempos sem ter contato com algum determinado assunto. Só assim que vou progredir, fazendo os assuntos de “disciplinas escolares”, com hora pra começar...e terminar! E assim, mantenho sempre o foco naquilo que estou fazendo. Ou seja, se vou usar o computador, só será para aquele propósito, sem me distrair lendo emails, navengando pelo facebook (porque estas coisas terão seus horários para se fazer).


Bom, no site ele dá várias outras dicas. Tá em inglês, mas vale a pena passar o site por algum tipo de tradutor online.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quem disse que reality shows não prestam?


Estava a minha pessoa jantando quando ligo a televisão na TV Brasil (canal 2). E anuncia o próximo programa: “Ciência nua e crua” (Rough Science, em inglês). Um reality show com quatro pesquisadores de áreas como botânica, física, química em uma ilha deserta (e paradisíaca, é claro) em algum lugar do Índico. Eu sabia que série, que está na sua sexta temporada, passaria na TV Brasil (5a temporada), mas desconhecia o dia e horário. E sinceramente: é um programa sen-sa-cio-nal!!! Especialmente para mostrar o quanto a ciência é útil no dia-a-dia, para resolver problemas corriqueiros – o que não significa que podemos fazer tudo em casa, obviamente.
No programa de hoje, a turma tinha a missão de explorar um navio afundado. Então, cada um dos cientistas tinha uma tarefa: tornar a água potável (que se pode beber sem dar dor de barriga), montar um explorador submarino (um robozinho com câmera), descobrir a hora da maré baixa e achar o local exato do naufrágio.

Claro que eles não fizeram estas coisas só de madeira e cipó – a produção disponibilizava o material necessário. Mas nada muito elaborado ou equipamentos de laboratório, somente coisas como furadeira, compensado, câmera de circuito interno com uma mini TV (destas que tem em tudo quanto é lugar hoje em dia, para fazer o robozinho). À medida que vão construindo, testando e experimentando, eles explicam diversos conceitos de maneira bem simples, já que a apresentadora é uma mergulhadora profissional, ou seja, alguém que possui os conhecimentos básicos que aprendeu da escola. Por exemplo, hoje uma das pesquisadoras explicou como se formam as marés – e para descobrir o horário da maré mais baixa no dia da saída de barco sem consultar uma tabela que a marinha disponibiliza, ela fincou duas estacas marcadas com fitas vermelhas a alguns metros da arrebentação. Ela conferia a altura do mar a cada 15 minutos (inclusive de madrugada) e adicionando a diferença de tempo reativo à posição da lua, ela acertou quase na mosca (ela calculou entre 7 e 7:15h e a hora da marinha era de 7:08)

O desafio da exploração do navio não foi cumprido, pois eles não conseguiram achar o local exato do naufrágio (eles possuíam apenas um mapa marcado com um X, e bolaram um instrumento de localização com madeira e pregos), mas as outras tarefas foram cumpridas com sucesso (inclusive o robô, surreal!!). E a que mais me impressionou foi o modo de tornar a água potável.
É possivel tornar a água potável através de três processos: adição de iodo ou cloro e filtração por carbono ativado. A água que eles tinham estava clara, mas com certeza continha micro-organismos que causariam doenças, ou no mínimo uma diarreia boa. Então, a botânica decidiu pelo iodo. Por quê? Eles estavam no oceano, onde crescem algas pardas que acumulam iodo em suas folhas. Eles foram para um local cheio de corais, onde havia muitas algas pardas. Coletaram um cesto enorme, secaram as algas no sol, queimaram e as cinzas foram dissolvidas na água, que ficou de cor escura. Colocaram chumaços de algodão em um funil de vidro e filtraram o caldo, obtendo um líquido amarelado. Iodo? Ainda não. O que eles conseguiram purificar (se é que conseguira mmesmo) foi o iodeto de potássio, e eles queriam só o iodo.

Em seguida, o químico misturou em um erlenmeyer especial ácido sulfúrico de bateria de carro (até os reagentes químicos são obtidos de coisas do cotidiano!), gerando uma fumaça roxa que se solidificou ao entrar em contato com um tubo de ensaio onde havia gelo, água e sal. Por fim, o cara dissolveu os cristais em água. E agora, como saber se o trabalhão deu certo ou não?

Entra em cena a botânica mais uma vez. Ela pegou um pedaço de mandioca e um de mamão. Pingou um pouco do líquido em cada um dos alimentos, e a mandioca adquiriu cor escura onde foi pingado o iodo, enquanto no mamão continuou com a cor alaranjado. Ou seja, aquilo era iodo mesmo!!!
Mas o que ocorreu? É o seguinte: a mandioca (assim como a batata, e até o biscoito de água e sal que você come) é rico em uma substância chamada amido, que nada mais é o açúcar que as plantas estocam como reserva de energia (lembre-se que o seu biscoito contém farinha de trigo). O amido é simplesmente várias moléculas amilose e amilopectina), e em contato com o iodo, o amido reage com as moléculas de iodo (com amilose, dá a cor azul e a amilopectina, vermelho) o que resulta na cor roxo-escuro. Como o mamão possui pouco amido (neste caso o açúcar é a frutose), a cor não se altera!

Para quem quiser conferir o programa, ele passa às segundas-feiras às 20h da noite. Não tem comercial (oba!), portanto jante e vá ao banheiro antes de começar. O site é outro espetáculo (em inglês), descrevendo os participantes, os diários que eles escreveram e as "experimentos" que fizeram no programa... ah, eu tenho que dar um jeito de baixar os episódios!

Ah, só pecou por uma coisa: não tem eliminação ou brigas e intriguinhas dos BBBs da vida ;) Ou será que tem?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nanotecnologia da UFRJ - o que esperar do curso?



Ultimamente ando interessada em coisas que terminem em “-tecnologia”. No mês passado, fui a um simpósio de biotecnologia. E hoje, assisti a uma palestra sobre o novo curso de nanotecnologia que a UFRJ começou a oferecer já no vestibular 2010 (ah, acabou a década dos 00...). A palestra foi lá no IBCCF e dada por um dos coordenadores do curso, Gilberto Weissmüller. Ele falou um pouco da escala nanométrica (“se você dividir a Terra por um fator de 10 elevado a oito, você terá uma laranja de diâmetro de 10 cm; e se dividir esta laranja pelo mesmo fator de 10 elevado a 8, você terá uma nanoesfera” - não é algo lá muito intuitivo, mas achei curiosa estas relações), dos cursos de nanotecnologia oferecidos no mundo. O primeiro foi oferecido em Toronto, Canadá, em 2001. E hoje, este número gira em torno de 50 cursos de nanotec. Um crescimento muito rápido, não acham?
Pois bem, vamos entender como será este curso. Ele foi elaborado por 4 institutos: Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Instituto de Física, Escola Politécnica e Instituto de Macromoléculas. Os dois primeiros anos compõem o chamado “ciclo básico”, com matérias obrigatórias para todos; no terceiro ano, o aluno opta por uma das ênfases: física, materiais e bionanotecnologia. Percebo que o prefixo “bio” está em alta – só na mídia, porque quanto a dar dinheiro...vixi, nem falo – e tenho certeza que muitos serão atraídos para este curso em busca desta ênfase. Ah, se eles chegarem lá... porque os dois primeiros anos são praticamente...física. Física purinha, juntamente com a sua fiel escudeira, a matemática. Algumas (poucas) matérias de biologia e mais outras de química. Vamos lá: física I,II,III,IV; física experimental I,II,III,IV; cálculo diferencial e integral (!!!!) I,II,III,IV. Só para citar algumas. É, meu leitor, se você escolheu este curso para o vestibular em busca do “bionano-”, vai ter que passar nos dois primeiros anos por estas matérias que citei até chegar lá. Serão oeferecidas 50 vagas, 30 para o campus do Rio e 20 para o campus de Xerém (sendo que em Xerém serão oferecidas as ênfases física e bionanotec). Aposta: quantos vão se formar, hein? Só para causar um impacto, a primeira “turma” do curso de biofísica (de 30 alunos) se forma agora. Digo turma entre aspas porque são apenas 3 formandos!!! Número comparável aos formandos de física, conhecido por ser um curso bem difícil. O curso de biofísica também é difícil, tem cálculo, computação etc mas não tanto quanto nanotec. Ah, e os alunos de biofísica estão até organizando um churrascão (soube do número de formando ao ler um cartaz divulgando o churrasco) para comemorar a formatura da tchurma!



Outra questão que me incomodou foi o aproveitamento de disciplinas já existentes para montar a grade de nanotec. Por exemplo, algumas (ou muitas, ou todas, não sei informar) disciplinas eletivas em ênfase em bionanotec. são também oferecidas para o curso de biofísica. As matérias de física do ciclo básico também devem ser as mesmas da física. Agora, será que os alunos de nanotec terão exatamente as mesmas aulas e na mesma sala que os alunos de biofísica, de física? E a questão do espaço? Vai caber todo mundo? No caso de bionanotec. será que não será perdido o foco se juntarmos turmas de cursos diferentes, com visões e propósitos diferentes? Eu achava decepcionante ter aula de spins e orbitais no semestre inteiro em química I e não ver nada aplicável para a biologia. E química I é disciplina básica do curso de biologia, imagina as disciplinas que compõem a especialização em bionanoec, será que se juntar as turmas não seria superficial e sem aplicabilidade para a bionanotec.?

É isso aí. Cria-se o curso, e logo se oferecem vagas. Depoooois é que vai se pensar em infraestrutura, salas, PROFESSORES.Não é à toa que o novo curso de Relações Internacionais é ministrado no prédio do Centro de Ciências da Saúde, no subsolo reformado recentemente... Mas tudo tem um lado bom: agora temos um banheiro novo e limpinho no subsolo.

Para mais informações, clique aqui para ir para o site de nanotec da UFRJ.