segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quem disse que reality shows não prestam?


Estava a minha pessoa jantando quando ligo a televisão na TV Brasil (canal 2). E anuncia o próximo programa: “Ciência nua e crua” (Rough Science, em inglês). Um reality show com quatro pesquisadores de áreas como botânica, física, química em uma ilha deserta (e paradisíaca, é claro) em algum lugar do Índico. Eu sabia que série, que está na sua sexta temporada, passaria na TV Brasil (5a temporada), mas desconhecia o dia e horário. E sinceramente: é um programa sen-sa-cio-nal!!! Especialmente para mostrar o quanto a ciência é útil no dia-a-dia, para resolver problemas corriqueiros – o que não significa que podemos fazer tudo em casa, obviamente.
No programa de hoje, a turma tinha a missão de explorar um navio afundado. Então, cada um dos cientistas tinha uma tarefa: tornar a água potável (que se pode beber sem dar dor de barriga), montar um explorador submarino (um robozinho com câmera), descobrir a hora da maré baixa e achar o local exato do naufrágio.

Claro que eles não fizeram estas coisas só de madeira e cipó – a produção disponibilizava o material necessário. Mas nada muito elaborado ou equipamentos de laboratório, somente coisas como furadeira, compensado, câmera de circuito interno com uma mini TV (destas que tem em tudo quanto é lugar hoje em dia, para fazer o robozinho). À medida que vão construindo, testando e experimentando, eles explicam diversos conceitos de maneira bem simples, já que a apresentadora é uma mergulhadora profissional, ou seja, alguém que possui os conhecimentos básicos que aprendeu da escola. Por exemplo, hoje uma das pesquisadoras explicou como se formam as marés – e para descobrir o horário da maré mais baixa no dia da saída de barco sem consultar uma tabela que a marinha disponibiliza, ela fincou duas estacas marcadas com fitas vermelhas a alguns metros da arrebentação. Ela conferia a altura do mar a cada 15 minutos (inclusive de madrugada) e adicionando a diferença de tempo reativo à posição da lua, ela acertou quase na mosca (ela calculou entre 7 e 7:15h e a hora da marinha era de 7:08)

O desafio da exploração do navio não foi cumprido, pois eles não conseguiram achar o local exato do naufrágio (eles possuíam apenas um mapa marcado com um X, e bolaram um instrumento de localização com madeira e pregos), mas as outras tarefas foram cumpridas com sucesso (inclusive o robô, surreal!!). E a que mais me impressionou foi o modo de tornar a água potável.
É possivel tornar a água potável através de três processos: adição de iodo ou cloro e filtração por carbono ativado. A água que eles tinham estava clara, mas com certeza continha micro-organismos que causariam doenças, ou no mínimo uma diarreia boa. Então, a botânica decidiu pelo iodo. Por quê? Eles estavam no oceano, onde crescem algas pardas que acumulam iodo em suas folhas. Eles foram para um local cheio de corais, onde havia muitas algas pardas. Coletaram um cesto enorme, secaram as algas no sol, queimaram e as cinzas foram dissolvidas na água, que ficou de cor escura. Colocaram chumaços de algodão em um funil de vidro e filtraram o caldo, obtendo um líquido amarelado. Iodo? Ainda não. O que eles conseguiram purificar (se é que conseguira mmesmo) foi o iodeto de potássio, e eles queriam só o iodo.

Em seguida, o químico misturou em um erlenmeyer especial ácido sulfúrico de bateria de carro (até os reagentes químicos são obtidos de coisas do cotidiano!), gerando uma fumaça roxa que se solidificou ao entrar em contato com um tubo de ensaio onde havia gelo, água e sal. Por fim, o cara dissolveu os cristais em água. E agora, como saber se o trabalhão deu certo ou não?

Entra em cena a botânica mais uma vez. Ela pegou um pedaço de mandioca e um de mamão. Pingou um pouco do líquido em cada um dos alimentos, e a mandioca adquiriu cor escura onde foi pingado o iodo, enquanto no mamão continuou com a cor alaranjado. Ou seja, aquilo era iodo mesmo!!!
Mas o que ocorreu? É o seguinte: a mandioca (assim como a batata, e até o biscoito de água e sal que você come) é rico em uma substância chamada amido, que nada mais é o açúcar que as plantas estocam como reserva de energia (lembre-se que o seu biscoito contém farinha de trigo). O amido é simplesmente várias moléculas amilose e amilopectina), e em contato com o iodo, o amido reage com as moléculas de iodo (com amilose, dá a cor azul e a amilopectina, vermelho) o que resulta na cor roxo-escuro. Como o mamão possui pouco amido (neste caso o açúcar é a frutose), a cor não se altera!

Para quem quiser conferir o programa, ele passa às segundas-feiras às 20h da noite. Não tem comercial (oba!), portanto jante e vá ao banheiro antes de começar. O site é outro espetáculo (em inglês), descrevendo os participantes, os diários que eles escreveram e as "experimentos" que fizeram no programa... ah, eu tenho que dar um jeito de baixar os episódios!

Ah, só pecou por uma coisa: não tem eliminação ou brigas e intriguinhas dos BBBs da vida ;) Ou será que tem?

5 comentários:

Juliana Americo disse...

hehehe que legal...e nerd!!!
Mas não sei se beberia desta água deles, não, qual será o grau purificação deste iodo? hehe

Bjs

Eliane, a Lia disse...

mt mt mt legal. Adoro programas assim. Bem, a mandioca ficou bem escura... a água ficou meio amrelada, era preciso levar na viagem de barco, todos beberam (usando cascas de coco como copo), querendo ou ñ. Quem sabe no próximo programa eles ñ contam se passaram mal ou ñ? rs

Juliana Americo disse...

hehehehe credo! era melhor montar um destilador para purificar a água...hehe pelo menos ia ficar transparente

Eliane, a Lia disse...

mas aí montar um destilador precisaria de uns instrumentos mais elaborados... ia perder a graça :D
esse programa é um mistura de "mundo de beakmam" com "no limite" rsrsrsrs

Anônimo disse...

Também sou fã deste programa, ele também passa na tv escola.

http://evandroteleginski.blogspot.com/2010/08/serie-ciencia-nua-e-crua-rough-science.html