quarta-feira, 4 de março de 2009

TPM



Semana passada eu estava de TPM. Não, não é Tensão Pré Menstrual, mas sim Tensão Pré-Mestrado ou então Tensão Pós Mauro (perdoe o trocadilho, querido ;).
Terça foi minha defesa do projeto de mestrado. O último passo para deixar o limbo da Iniciação Científica e me tornar pós-graduanda. Apresentar e defender um projeto em 15 minutos para uma banca de 3 professores.
Após quase duas semanas preparando a apresentação de Power point, tentando pensar com minha cabeça e com a cabeça do chefe, depois de muita conversa, esclarecimentos e ajuda do orientador, às 15:20 do dia da apresentação, que seria às 16:15, o arquivo ficou 100% pronto. É incrível como cada vez que eu (ou o Mauro) abria o arquivo, achávamos algo a mudar, algo a melhorar, a acrescentar ou retirar.
Fiquei até 7 e meia da noite do dia anterior no lab para finalizar tudo. Demorei a tarde inteira (de 2 às 5 e pouca, praticamente) para fazer um fluxograma do desenho experimental e um modelo de cronograma que sequer passava pela minha cabeça como era – até o chefe ver que eu não ia sair mesmo e me ensinou como fazia. Queria provar que conseguia fazer um fluxograma “à mão livre”, mas não teve jeito e recorri aos modelos prontos do Power point. Ah se eu tivesse ouvido the advice...
Bom, às 6 e pouca a Silvana (minha outra orientadora) bateu lá no lab, e fiz uma apresentação oral para os dois. Corrigimos detalhes, fiz anotações, ouvi diversos conselhos e isto foi me dando confiança. Mas como cheguei em casa tarde e estava cansada e sem dormir direito há três noites, deixei para ensaiar de manhã, e me gravei duas vezes.
Estava calma. Até às 15:35.
Quando uma mulher some antes de um momento importante ou quando ela está sob pressão, o primeiro lugar a procurar é o banheiro. Ou ela vai estar com dor de barriga, ou passando mal...ou chorando.
Subi para aguardar a apresentação, levando a tira colo meus papéis de origami, já que reza a cartilha que toda apresentação demora. Mas não foi assim que aconteceu. Logo que subi a escada topei com a Cíntia, uma amiga que iria antes de mim. Pensei: ah, atrasaram como o previsto. Mas ela me disse: “já fui, a minha acabou mais cedo. Agora é você”. Dez segundos após ela falar “fica calma que eles vão te chamar”, a porta se abriu. “Você que é Eliane? É a sua vez”.
Entrei descontraidamente, conversei com os professores enquanto espetava o pen drive no laptop. E comecei. Se na gravação eu falei em 11 minutos, devo ter terminado a apresentação em 7 min. Falei que MXR era canal. Devo ter cometido todos os erros de concordância possíveis. Mas a parte das perguntas foi o pior. No início me perguntaram como eu cultivava as céls, como eu as extraía do bicho, até aí tudo bem. Até a pergunta que me desmoronou: “sua cultura tem dois tipos celulares. Você acha que isto não poderia mascarar os seus resultados?” Tive a coragem de perguntar “como assim, não entendi” e a outra professora tentando me ajudar, repetindo com mais detalhes o que o primeiro falou.
E depois ela: “então você vai fazer faloidina para ver se o Cd despolimeriza a actina. Isto já tem na literatura?” Trocando em miúdos: pq vc vai fazer isto se já tem na literatura q já fizeram?! Tentei argumentar depois que pode ser que o Cd cause despolimerização do filamento ou então que pode ocorrer uma reorganização destes filamentos, conferindo à cél a forma arredondada que eu observei.
E o outro professor não entendia como eu ia ver a atividade do MXR com rodamina no FACS... tentava explicar o experimento, mas eles conversavam entre si. Pedi a palavra, expliquei o experimento (q eu já estava acostumada zilhões de vezes) e quando falei do verapamil (inibidor do MXR) ele para a professora: “mas verapamil não é inibidor de canais de Ca?” E eles falaram que o esquema do desenho experimental ficou confuso.
E eles achavam que uma das perguntas que eu responderia era de que modo o Cd pode afetar o citoesqueleto.
Fiasco total. Acho que não foi dessa vez. Mas não tem problema, junho estamos aí.

Palavras sensatas em momentos equivocados. O que é ruim pode ficar pior.

E depois da entrevista fui correndo comer o ensopadinho da dindinha.

PS.: Sei que a finalidade desse blog é científico, mas gostaria de compartilhar este momento pois sei que aqueles que o leem são muito amigos e queridos, por isso peço um favor: que fique entre nós. Ainda não digeri a situação muito bem, ok? Para os colegas, continuo com a resposta padrão para a pergunta como foi na entrevista: “foi bem, foi bem, agora é só esperar o resultado”.

4 comentários:

Juliana Americo disse...

Querida, vai a praia, toma uma laranjada americana, uma ice...como vc disse, agora é esperar o resultado! Eu já vi aprovados que disseram te ido muito pior na entrevista. E não importa o resultado, cá entre nós, eu seu que vc fez um bom trabalho e correu muito atrás! Então, fique tranquila pois você deu o seu melhor e bola para frente!
Beijos!

Eliane, a Lia disse...

Ju, sinto mt falta da sua presença aqui...

Mauro Rebelo disse...

Quinha, cantor da Timbalada, no alto do trio no carnaval de Salvador, se vira para a multidão e pergunta: "Tá com medo? Então porque veio? Se não aguenta a vara, peça cacetinho!"

A seleção natural não dorme e nem os outros alunos que estavam competindo com você na seleção do mestrado. Ainda que o melhor fosse que você própria se desse conta disso, você pode não se dar. E, entre outras coisas, é pra isso que eu estou aqui: pra te dar conta do que é preciso, sem te deixar escapar pelo caminho mais fácil que não te leva aonde você quer chegar.

Como na fábula do coelho que escreve uma tese sobre "coelhos que devoram raposas, lobos, hienas..." que na verdade são todos devorados pelo Leão que está dentro da toca, as vezes mais importante que o tema da sua tese, é o orientador que você tem.

Quem sabe se agora que você foi APROVADA, COM BOLSA, você não dedica um post a cada slide que fizemos e que te permitiram até mesmo engasgar durante a apresentação, sem perder a vaga que você ganhou lindamente na prova escrita?

Parabéns de novo!

Eliane, a Lia disse...

pode deixar q já está a caminho o post "Coisas que aprendi para nunca mais esquecer" ;)
E obrigada pelas sábias palavras...