segunda-feira, 9 de novembro de 2009

I Simpósio de empreendedorismo em biotecnologia - 1o dia

"Boa tarde, meu nome é Eliane de Souza Figueiredo e sou empresária. A minha empresa possui cinco anos de vida e trabalha com o desenvolvimento e a fabricação de novos anticorpos monoclonais, com ênfase em animais não-tradicionais, como bivalves, peixes e ascídias para utilização em estudos de áreas ambientais degradadas". Loucura, não é mesmo? Mas foi um pouco assim que me senti no final do primeiro dia de palestras do I Simpósio de empreendedorismo em biotecnologia, uma "quase" aspirante a empresária empreendedora. Foram falar alguns pesquisadores do CCS (Centro de Ciências da Saúde, um setor da UFRJ), pesquisadores do Instituto de Economia da UFRJ, empresários (cuja formação variava de biólogo a engenheiro químico) e, o que me deixou bastante admirada, os "graúdos" das agências financiadoras (BNDES, FINEP, Faperj), para as quais dedicamos exaustivas horas em frente ao computador para escrever projetos para conseguir verba e financiar pesquisas.

Em linhas gerais, o dia de hoje se concentrou na história da biotecnologia e formação de recursos humanos capacitados e exemplos de empreendedores de sucesso. Apesar de um pequeno atraso de mais de uma hora (alguns palestrantes se equivocaram e foram para o Fundão em vez de ir para a Praia Vermelha, onde houve o evento), as palestras foram muito boas e esclarecedoras, daquelas que, mesmo sem saber nada (ou quase nada) do assunto, você aprende bastante.

Dois momentos me chamaram mais a atenção. O primeiro, sobre a formação de pessoal capacitado em biotecnologia. O IFRJ (sim, está escrito certo, é o Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia do Rio de janeiro) possui um curso de nível médio/técnico em biotecnologia (que na verdade é o antigo curso do cefet química, ou seja, o téc. em biotecnologia continua veinculado aos Conselhos de Química), formando técnicos capacitados para trabalhar em diferentes áreas, desde laboratórios de pesquisa, de análises clínicas até em escritórios de advocacia envolvidos com patentes. Surgiu uma pergunta: e o mercado, consegue absorver estes profissionais? Será que os alunos formados continuam trabalhando nesta área? Bom, pergunta difícil de se responder, já que não há nenhum contato entre aluno e escola após o aluno término do curso. Outras questões, como a submissão em conselhos, mercado de trabalho, etc. também foram levantadas.

Outro ponto foi sobre empreendedorismo e como as agências financiadoras apoiam as microempresas. É um consenso que a maioria destas agências continuam a emprestar din din para os "grandes", pois eles possuem meios de propor garantias ao empréstimos; porém também há investimentos (muito tímidos, por sinal) naqueles que começaram do zero e tem nada ou muito pouco para oferecer de garantia. Afinal, você emprestaria dinheiro para uma pessoa que você não conhece, sem que ela no mínimo não lhe forneça alguma garantia de retorno? Como exemplos, temos alguns programas do BNDES, como o Criatec (destinado para empresas chamadas de "sementes", o início do estágio de desenvolvimento de uma empresa) e Funtec (são fundos não reembolsáveis, investem principalmente em fundos de inovação - dar dinheiro sem precisar devolver, digamos assim) e programas da FINEP, como o "juro zero" e Prime, ambas também para empresas em estágio inicial.

Bom, tudo isto e mais um pouco me fizeram enxergar o quanto a áera de biotecnologia está em expansão, especialmente para a criação de empresas inovadoras. O que quero dizer, é que empresa vai muito além do Sebrae, que é o que vemos com certa frequência na TV. Estas agências estão aí, muitas delas com recursos financeiros muito bons... e que podemos ser empreendedores não por necessidade (como ocorre na maioria dos casos, o seu José quer abrir uma empresa para expandir a padaria da família), mas por opção, fazendo pesquisa de ponta, transformando esta pesquisa em produto ou serviço; e assim podemos, satisfeitos, retornar à sociedade o investimento econômico que nos foi feito.

5 comentários:

Juliana Americo disse...

Legal, Lia. Achei ótima a proposta deste evento, pois desde que comecei na biologia, nunca se falou de empreendedorismo na nossa área. A universidade precisa se reciclar! Urgentemente!

Posta sobre o dia de hoje também, assim, posso ficar por dentro do que rolou :)

Beijos

Eliane, a Lia disse...

apesar de ter sido menos empolgante, vou postar sobre o dia de hj - mas ñ agora :D
e o povo da economia fala pra kct! vixe!!!

até comentei isso com o Olaf hj, o qt que a bio do fundão está desatualizada, praticamente com o mesmo currículo desde a criação do curso! ñ temos disciplinas de biologia marinha, de bioética, biossegurança, de direito ambiental... e continua sendo dirigida somente para a formação de pesquisadores, sem demonstração alguma de atuação no mercado de trabalho...uma pena :(

Ricardo Oliveira disse...

queria ter ido! mas me enrolei com materias hehehe
bjs

CHRMO SERVIÇOS ADM LTDA disse...

Oi Eliana, sou bióloga e fiz pós em biotecnologia na Usp. Adoro estudar e ver pessoas como vc se dando bem. Pensei numa ideia diferente e queria ver o q vc acha disso:
Vc já tem uma empresa? se não, está disposta a ir atras para abrir e ser empreendedora? Acha q se houvesse uma empresa madrinha que te ajudasse a ver se é viavel ou não e no dia a dia seria interessante? o que falta para vc pessoalmente na área de biotecnologia p se tornar grande?
Mônica

Unknown disse...

Nossa, curso hoje o terceiro período da Biologia na UFRJ e ainda tem o mesmo problema com a falta de aplicação do mercado, saindo um pouco da área acadêmica. Seria muito interessante o envolvimento com o empreendedorismo que é algo essencial hoje em dia. Pena que aqui não tem muitas pessoas que se importem ou que conheçam o assunto...