sexta-feira, 11 de abril de 2008

O plástico

Para exemplificar bem o post abaixo.

No livro Eureka!, q eu já comentei aqui, fala sobre a descoberta (e não invenção) do plástico. A princípio, o polietileno (vulgo plástico) só era obtido a temperaturas muito altas, o que encarecia sua produção em larga escala, além de ser pouco resistente. Até que uns químicos doidos - um pós-graduando, claro, estava tentando sintetizar hidrocarbonetos c/ átomos de alumínio, e utilizava o gás etileno. Como sempre acontece, nada disso deu certo: ele via que as moléculas de etileno se formavam aos pares. Eles investigaram e viram que isto estava sendo causado por resquícios de níquel de outros experimentos, onde eles estavam trabalhando. Eles mudaram o rumo (ou acrescentou uma linha nova de pesquisa no lab) e tentaram verificar se era possível produzir longas cadeias de etileno (polietileno). Não só era, como o processo era bem mais simples que o anterior, e não só isso, o produto era bem mais resistente que o primeiro. Mas como cientista é uma alma inquieta, os caras lá foram testando outros metais atuando como catalisadores. Essas misturas (orgânico + metais) ficaram conhecidas como "catalisadores Ziegler-Natta".

Agora a parte mais interessante, na íntegra:

"Ironicamente, mais tarde soube-se que os químicos da equipe de Ziegler não foram os primeiros a obter polietileno por este processeo. Em 1943, Max Fisher, nos laboratórios BASF, usou uma reação semelhante para produzir óleos lubrificantes sintéticos a partir do etileno. Ele percebeu que, além do óleo, a reação sempre formava uma grande quantidade de um pó branco. Ignorando do que se tratava, apenas jogava fora o resíduo como um produto indesejável, desse modo deixando de ganhar um Prêmio Nobel e um lugar na história da química."



Não sei se o Rupert Lee, autor do livro, foi, digamos, dramático demais, mas quando li o texto (após fazer o post abaixo) me deu uma vontade louca de postar aqui. Quando li, até eu fiquei com raiva do Fisher. Mas fazer o quê, ele ia advinhar? Imagina cada um de nós perdendo tempo em analisar cada resíduo produzido em nossos experimentos? rs E também fiquei imaginando, "será que ele soube? Como deve ter se sentido?"
...e espero que eu não seja acusada de cópia ilegal. Esse trecho é menos que 10% da obra!

Um comentário:

Juliana Americo disse...

hehe boa!

Poxa, mas mesmo que ele não achasse que o resíduo pudesse ser algo útil, no mínimo, ele deveria ter tido a curiosidade de saber melhor o que era aquilo! Até para entender melhor o processo que ele estava desenvolvendo e, de repente, ótimizá-lo ainda mais..